Queda de preços na indústria pode refletir em menor pressão inflacionária nos próximos meses
O IPP (Índice de Preços ao Produtor) da indústria recuou 0,48% em outubro em relação a setembro, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (5). Com o resultado, o índice registra a 9ª taxa de inflação negativa (deflação) consecutiva, um sinal claro de perda de pressão sobre os preços na origem.
O que o IPP mostra
Como explica o próprio instituto, “o índice acumula a 9º taxa de inflação negativa (deflação) consecutiva, o que, segundo o IBGE, reforça o quadro de queda nos preços ‘na porta de fábrica’ e ajuda a reduzir a pressão de custos sobre a cadeia produtiva, o que pode significar algum alívio na inflação ao consumidor nos próximos meses, ainda que a transmissão não seja automática“.
O IPP “mede a variação dos preços de produtos das indústrias extrativas e de transformação na saída das fábricas, sem impostos e fretes“, sendo um importante termômetro da inflação ao produtor.
No mês, 11 das 24 atividades pesquisadas registraram recuos de preços frente ao mês anterior. Em termos acumulados, o índice apresenta retração de 4,33% no ano e queda de 1,82% em 12 meses. Para comparação, em outubro de 2024 a variação mensal foi positiva, de 0,97%, e a indústria fechou aquele ano com alta acumulada de 9,42%.
Setores que puxaram a queda
O destaque foi o setor de alimentos. Na passagem de setembro para outubro, “os preços desses produtos caíram 1,47%, sexto recuo seguido, respondendo por -0,36 ponto percentual (p.p.) da variação de -0,48% da indústria geral“. O IBGE aponta itens como leite UHT, açúcar VHP e carnes (aves e bovinas) como exemplos de influência, associadas a uma safra mais favorável e a uma demanda mais fraca.
Outros recuos relevantes vieram de “outros produtos químicos“, com queda de 2,00% e impacto de -0,16 p.p.; e de “refino de petróleo e biocombustíveis“, com queda de 0,90% e influência de -0,09 p.p.. A metalurgia, por sua vez, apresentou alta de 1,80%, exercendo influência positiva de 0,11 p.p. sobre o IPP.
Transmissão para a inflação ao consumidor
Embora a trajetória do IPP seja um sinal favorável, o IBGE alerta que a passagem desses efeitos para o varejo não é imediata. Como a própria nota observa, a redução de pressão de custos pode “significar algum alívio na inflação ao consumidor nos próximos meses, ainda que a transmissão não seja automática“.
O quadro de deflação ao produtor soma-se a outros indicadores de menor pressão inflacionária: o IGP-DI de novembro “variou apenas 0,01%, acumulando queda de 0,44% em 12 meses“, enquanto as projeções do IPCA no Boletim Focus recuaram para 4,43% em 2025 e 4,17% em 2026. Especialistas consultados pelo mercado indicam que, se mantido o comportamento dos preços ao produtor, parte dessa queda tende a ser repassada à inflação ao consumidor ao longo de 2026, sobretudo em alimentos industrializados e bens intermediários.
Em resumo: o IPP mostra menos pressão de custos na indústria, com queda concentrada em alimentos e alguns insumos. A expectativa é por alívio na inflação ao consumidor, mas o ritmo e a intensidade desse repasse dependerão de margens empresariais, câmbio, demanda e outros custos logísticos.
Reflexão cristã
Em momentos de incerteza econômica, é natural que famílias e líderes busquem sinais de esperança e estabilidade. A queda no IPP traz uma notícia positiva, ainda que cautelosa. Como lembramos em fé prática, “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplica, com ações de graças, apresentem os seus pedidos a Deus” (Filipenses 4:6, NTLH). Essa postura não substitui estratégias econômicas, mas ajuda a cultivar serenidade e responsabilidade nas decisões cotidianas.
Que a redução das pressões de custo sirva para promover acessibilidade, justiça nos preços e cuidado com os mais vulneráveis na cadeia econômica.
Leonardo de Paula Duarte
Colunista e analista econômico com perspectiva cristã

