EUA dão prazo a Zelenski até 27/11: risco de corte de inteligência e armas se Ucrânia não assinar plano de paz com Rússia

Europeus tentam reagir enquanto Kiev resiste a termos que reduzem soberania

Segundo vazamentos da Casa Branca a meios de comunicação ocidentais, como a agência de notícia Reuters, o governo de Donald Trump pressiona a Ucrânia a aceitar o acordo de paz desenhado em conjunto com a Rússia para encerrar o conflito iniciado em 24 de fevereiro de 2022.

O ultimato americano e o que está em jogo

O prazo dado ao presidente Volodimir Zelenski é até a quinta-feira da semana que vem, 27 de novembro. “Se isso não ocorrer, dizem autoridades americanas, o país pode cortar o fornecimento de informações de inteligência vitais para Kiev lutar sua guerra, como imagens de satélite com movimentos de tropas e monitoramento de lançamento de mísseis e drones.”

Além disso, o fornecimento de armas — hoje limitado a compras reduzidas por países europeus de equipamentos dos EUA — também pode ser vetado. Na prática, a perda desses fluxos de apoio pode tornar muito mais difícil a defesa ucraniana, que já enfrenta pressão em vários pontos da frente.

Principais pontos do acordo vazado

O texto do acordo, segundo o material divulgado, contém termos que favorecem Moscou. Entre os pontos citados:

– A Ucrânia perderia pouco mais de um quinto do seu território;
– As Forças Armadas seriam limitadas a 600 mil soldados, cerca de 40% a menos do efetivo que hoje participa do combate;
– Ficaria proibida de ingressar na Otan e de ter militares da aliança no seu território, assim como aviões de combate;
– A única grande concessão de Putin seria liberar um terço dos US$ 300 bilhões em reservas externas congeladas para a reconstrução.

O site Axios observa que, por serem vagos em vários pontos, os termos podem permitir negociações adicionais — por exemplo, garantias de segurança que “podem incluir uma cláusula de defesa da Ucrânia semelhante ao mecanismo da Otan de assistência mútua em caso de ataque”.

Reação europeia e diplomacia

Cercado pela pressão americana, Zelenski buscou apoio de líderes europeus. Ele participou de conversas por telefone com o presidente francês Emmanuel Macron e os primeiros‑ministros britânico e alemão, Keir Starmer e Friedrich Merz, respectivamente.

Segundo a chancelaria em Berlim, os líderes concordaram que a Ucrânia tem de se manter soberana e reter capacidade de defesa. Zelenski afirmou que irá trabalhar para ter os “princípios da Ucrânia” respeitados no acordo.

Macron disse que os líderes concordaram que “qualquer conversa a partir de agora terá de ter a participação da Ucrânia, da União Europeia e da Otan, já que o futuro do continente depende do arranjo de paz mais amplo proposto no acordo.”

Do lado russo, o Kremlin tentou distanciar‑se do debate público: o porta‑voz Dmitri Peskov declarou que “o país ainda não foi informado oficialmente dos 28 tópicos do acordo, um diversionismo, e que não irá fazer comentários para não atrapalhar as negociações que foram conduzidas de seu lado pelo chefe do fundo soberano do país, Kirill Dmitriev.”

Situação no terreno e pressão doméstica em Kiev

No front, as forças russas têm obtido avanços: os russos tomaram a estratégica Kupiansk, em Kharkiv, e conquistaram cinco vilarejos em Donetsk. Em Zaporíjia, avanços rápidos de Moscou foram atribuídos ao enfraquecimento das defesas ucranianas, que precisaram enviar reforços para o leste.

A situação política interna também é complicada para Zelenski. Ele enfrenta forte pressão doméstica após a descoberta de um desvio de US$ 100 milhões no setor de energia, escândalo que levou à queda de dois ministros.

O que está aberto para negociação?

Muitos termos do acordo vazado ainda são vagos, o que cria espaço para reinterpretações ou ajustes em negociações futuras. Ainda assim, a combinação de risco de cortes de apoio americano e perdas territoriais e militares propostas cria um dilema difícil para Kiev: aceitar rapidamente um acordo desfavorável ou resistir e enfrentar a possibilidade de isolamento prático no campo de batalha.

Analistas europeus e aliados têm tentado ampliar a mesa de negociação para incluir a Ucrânia, a União Europeia e a Otan, buscando garantir que qualquer solução respeite a soberania ucraniana e a segurança do continente.

Reflexão cristã — por Leonardo de Paula Duarte

Como colunista e cristão, vejo em momentos como este um chamado à prudência e à esperança responsável. A política real exige firmeza na defesa da justiça e da liberdade, mas também sabedoria para buscar caminhos que minimizem o sofrimento humano.

Nas Escrituras lemos que “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9, NTLH) e que devemos “fazer todo o possível para viver em paz com todos” (Romanos 12:18, NTLH). Essas orientações não são receitas simplistas, mas princípios que pedem ação ética, defesa dos vulneráveis e diálogo honesto.

Que a comunidade internacional — e os cristãos que acompanham este drama — orem por sabedoria para líderes e compaixão pelas vítimas, buscando soluções que preservem a dignidade e a soberania dos povos.

Leonardo de Paula Duarte

Leitura rápida: os próximos dias são decisivos: o prazo de 27/11 imposto pelos EUA e as reações europeias podem redefinir o equilíbrio entre pressão externa, defesa ucraniana e um possível acordo que, conforme vazamentos, favorece Moscou.

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