Medidas visam reduzir déficit em 2026 e alcançar lucratividade em 2027
Os Correios aprovaram um Plano de Reestruturação com medidas para tentar superar anos de resultados negativos e retornar à lucratividade. O pacote aprovado nesta quarta-feira (19) inclui uma operação de crédito, fechamento de unidades e ajustes na folha de pagamentos.
Segundo o comunicado da estatal, está prevista a conclusão, até o fim de novembro, da operação de crédito com aporte de até R$ 20 bilhões, que será obtida com bancos públicos e privados e contará com garantia do Tesouro Nacional.
O plano afirma que esse empréstimo é considerado pela empresa como “recurso indispensável para a transição estrutural projetada para a empresa“.
Dados financeiros e motivos da reestruturação
Nos dois primeiros trimestres de 2025, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,37 bilhões. O valor integra um histórico de resultados negativos desde 2022, segundo a estatal, e que foram agravados na administração atual.
A gestão elaborou o plano sob comando do novo presidente Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu em setembro de 2025, sucedendo Fabiano Silva dos Santos.
Principais medidas anunciadas
O documento público lista, entre as ações previstas:
– Operação de crédito de até R$ 20 bilhões com garantia do Tesouro;
– Venda de imóveis com potencial de receita de R$ 1,5 bilhão;
– Otimização da rede de atendimento com redução de até 1.000 pontos deficitários;
– Programa de Demissão Voluntária (PDV) e remodelagem dos custos com plano de saúde;
– Expansão do portfólio para o e‑commerce e modernização do modelo operacional e da infraestrutura tecnológica;
– Indicação, sem detalhes, de possibilidade de fusões, aquisições e reorganizações societárias no médio e longo prazo.
Argumento da estatal e serviços essenciais
Em defesa das medidas, a empresa afirmou que a queda das receitas tradicionais é um fenômeno global e destacou o papel social e logístico dos Correios. O comunicado contém a seguinte afirmação: “Os Correios permanecem como o único operador capaz de atender todos os municípios, inclusive regiões remotas onde a presença do Estado é vital.“
O texto também cita as operações logísticas executadas pela estatal: “a entrega de livros didáticos às escolas públicas, a distribuição de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) simultaneamente em todo o território nacional e a entrega de urnas eletrônicas às zonas eleitorais.”
Impacto social e perguntas em aberto
A redução de até 1.000 agências e um PDV sinalizam impacto direto em serviços e empregos, especialmente em municípios menores onde a presença dos Correios costuma ser a principal forma de acesso postal e logístico.
O anúncio não detalhou a lista de agências que poderão ser fechadas, critérios de seleção, nem a quantidade de vagas previstas no PDV. Também faltam detalhes sobre o cronograma exato da venda de imóveis e das eventuais parcerias ou aquisições mencionadas.
Analistas e representantes de municípios e trabalhadores devem acompanhar a divulgação dos critérios e dos instrumentos de mitigação social que a estatal venha a apresentar.
Reflexão editorial — Leonardo de Paula Duarte
Como cristão e jornalista, vejo neste momento decisões duras de gestão e escolhas que afetam vidas. A Bíblia nos lembra sobre responsabilidade e cuidado: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará.” (Salmo 37:5 NTLH). Confiar não é acomodar‑se; é agir com prudência, justiça e compaixão.
As medidas anunciadas podem ser necessárias para a sustentabilidade da estatal, mas é legítimo cobrar que o processo seja transparente, com critérios públicos e mecanismos de proteção social para trabalhadores e comunidades afetadas.
Em termos práticos, os pontos a acompanhar serão: o detalhamento do empréstimo e suas condições, os critérios para fechamento de agências, o desenho do PDV e o uso dos recursos obtidos com vendas de imóveis. Só com informações claras será possível avaliar se o plano equilibra eficiência, competitividade e serviço público.
Leonardo de Paula Duarte

