Organizações denunciam violência institucional e condições desumanas para detentas políticas
Denúncia do Clippve
“O Comitê pela Liberdade dos Presos Políticos (Clippve) denunciou que mais de 180 mulheres estão presas por motivos políticos na Venezuela e sofrem maus-tratos, isolamento, falta de assistência médica e assédio.” A afirmação foi feita no contexto do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, em campanha intitulada Elas não estão sozinhas.
Segundo o Clippve, as detentas incluem ativistas, estudantes, mães e cidadãs que teriam sido alvo de detenções arbitrárias e de “violência institucional, tratamentos cruéis e represálias por manifestarem opiniões contrárias ao governo.”
Condições nas prisões
A entidade relata problemas estruturais e de saúde: celas superlotadas, ausência de cuidados ginecológicos e falta de produtos básicos para lidar com a menstruação. “A entidade alerta que a saúde dessas mulheres é diariamente violada dentro das prisões venezuelanas e afirma que o Estado continua falhando com as que estão encarceradas e com as que aguardam do lado de fora.”
O Clippve também destaca que “ser mulher e presa política no país significa enfrentar ainda mais abusos, negligência médica, escassez de água, desnutrição e violência institucional.” Essas condições aumentam os riscos para idosas, doentes e cuidadoras que estão detidas.
Além disso, a denúncia menciona abusos que se estendem às visitas: “O Clippve lembra também que as mães dos presos políticos são frequentemente vítimas de abusos durante as visitas, relatando revistas humilhantes, maus-tratos e a recusa de itens essenciais.”
Contexto e números
Em paralelo ao trabalho do Clippve, outras organizações monitoram o fenômeno dos presos por motivos políticos. “Dados recentes da organização Justiça, Encontro e Perdão (JEP) indicam que há 1.080 presos políticos na Venezuela. Entre eles estão 170 agentes ativos de segurança do Estado, 11 ativistas, 224 integrantes de organizações políticas, 35 ex-membros das forças de segurança, 20 jornalistas e 14 sindicalistas. Há ainda 145 pessoas sem qualquer informação oficial sobre o paradeiro e 50 venezuelanos com dupla nacionalidade.”
Os números mostram que a questão abrange diferentes perfis sociais e profissionais, mas a denúncia do Clippve chama atenção para a especificidade do sofrimento feminino dentro desse universo.
O que está em jogo
As alegações do Clippve apontam para violações de direitos humanos que exigem resposta das autoridades e visibilidade internacional. A organização insiste na necessidade de respeito, justiça e na “libertação imediata” das presas políticas, ao mesmo tempo em que documenta práticas como detenções arbitrárias, torturas, desaparecimentos forçados e negação de atendimento médico.
Sem confirmações independentes adicionais além das declarações aqui relatadas, a denúncia serve como alerta: a vulnerabilidade das mulheres presas por motivos políticos tende a ser amplificada por fatores de gênero e pela precariedade do sistema prisional.
Reflexão cristã e chamada à compaixão — Leonardo de Paula Duarte
Como colunista e cristão, vejo neste tipo de denúncia um apelo à consciência e à ação solidária. A Bíblia lembra que somos chamados a lutar pela justiça e a proteger os vulneráveis. Como diz o texto bíblico (NTLH): “Aprendam a fazer o bem; preocupem‑se com a justiça, livrem o oprimido da opressão, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva.” (Isaías 1.17 NTLH).
Não se trata apenas de tomar posição política, mas de preservar a dignidade humana. Exigir investigação transparente, acesso médico e condições mínimas de higiene e alimentação é um gesto que traduz princípios éticos e cristãos de cuidado com o próximo.
Que a denúncia do Clippve seja um convite à responsabilidade coletiva: imprensa, sociedade civil, igrejas e organismos internacionais podem contribuir para que a justiça e a atenção às vítimas prevaleçam. — Leonardo de Paula Duarte

