Abel reclama da arbitragem, exalta a camisa e traça um balanço de uma temporada sem taças
Abel Ferreira encerra a temporada do Palmeiras em clima de frustração esportiva, mas com defesa pública do trabalho e críticas explícitas à arbitragem. Depois do triunfo do Flamengo no Brasileirão, que ficou com 78 pontos ante 73 do Palmeiras, o treinador voltou a mencionar o lance da final da Libertadores e comparou à expulsão de Piquerez no duelo em Belo Horizonte.
O lance que voltou à pauta
Ao comentar a expulsão de Piquerez nesta quarta-feira, Abel relacionou o episódio com a decisão da arbitragem na final da Libertadores: “Parabéns ao Flamengo, vencedor dessa competição e da Libertadores, tem excelente elenco e treinador. Clube muito organizado. Mas eu tenho muito orgulho dos vices que tive por tudo o que fizemos. E vocês viram o mesmo que eu. Será que uma expulsão condiciona o resultado de um jogo?”
Na visão do técnico, os dois lances foram semelhantes: “Hoje aconteceu um lance exatamente igual ao da final da Libertadores.” A queixa central é sobre a não expulsão do jogador rubro-negro Pulgar no jogo de Lima, um episódio que Abel considera decisivo para discutir justiça esportiva e consistência da arbitragem.
Temporada de vices e números
O Palmeiras terminou o ano sem títulos relevantes: vice no Paulistão, vice na Libertadores e vice no Brasileirão (com a possibilidade de perder a segunda colocação para o Cruzeiro dependendo do fechamento da tabela). Como registrado na sequência do campeonato, “Ao derrotar o Ceará, o Flamengo chegou aos 78 pontos contra 73 da equipe paulista com apenas mais três pontos em disputa.”
Para Abel, os resultados não apagam a identidade do trabalho: após a decisão em Lima, ele disse que não vê a necessidade de asteriscos nos feitos do clube — vitória ou derrota fazem parte da trajetória.
Palavras do treinador
Em diversas falas ao longo da coletiva, Abel misturou defesa do grupo, críticas à arbitragem e reafirmação de compromisso com o Palmeiras. Entre os trechos mais fortes, afirmou: “Foi um beijo na medalha e no símbolo do Palmeiras, tenho orgulho de ser palmeirense. Não há asterisco. Ganhamos, perdemos, mas não há asteriscos em nossos títulos.”
Sobre a repercussão de comentários anteriores — incluindo declaração de que poderia deixar o clube caso terminasse sem títulos — o técnico respondeu de forma ríspida à pergunta dos jornalistas: “Você ouviu o que eu falei na sexta-feira? Ouviu o que eu falei depois da eliminação para o Corinthians? Ouviu o que a presidente falou? Pode dizer o que eu falei? Eu, sobre esse assunto, não tenho nada a dizer. Eu só tenho uma palavra e dei minha palavra para a presidente”, irritou-se.
Por fim, reafirmou o vínculo com a instituição: “Eu amo estar no Palmeiras. Eu nunca prometi títulos, prometi que lutaríamos por títulos. No momento que sentir que está no final do ciclo, não precisam me mandar embora. Eu vou”.
Reflexão cristã — Leonardo de Paula Duarte
Como colunista, observo que o esporte, além de disputa, é palco de tensões humanas: orgulho, frustração, lealdade e esperança. A fala de Abel reúne esses elementos — ele diz ter orgulho dos vices e, ao mesmo tempo, expõe a dor da derrota.
Na vida cristã aprendemos que fidelidade ao chamado e integridade nas relações contam mais que rótulos. A Bíblia nos lembra: “Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá.” (Salmo 37:5, NTLH). Há, nessa perspectiva, um convite à confiança e ao serviço perseverante, mesmo diante de resultados que não correspondem às expectativas.
No contexto esportivo, essa postura significa reconhecer erros e acertos, cobrar transparência (inclusive na arbitragem) e cuidar das relações humanas que sustentam uma equipe. Abel, ao dizer “A mim só me engana quem eu quero”, revela desconfiança — um elemento humano legítimo, mas que também pede temperança para não transformar frustração em amargura.
Que a temporada sirva de aprendizado: para dirigentes, árbitros, jogadores e torcedores. A paixão pelo clube não anula a necessidade de críticas construtivas nem a responsabilidade ética de todos os atores do jogo.
Leonardo de Paula Duarte

