Dupla que chegou em 2019 pode elevar ainda mais sua lenda no futebol rubro‑negro
Giorgian de Arrascaeta e Bruno Henrique entram em campo neste sábado (29), no estádio Monumental de Lima, com a chance de conquistar o 16º título com a camisa do Flamengo e a terceira Copa Libertadores pelo mesmo clube — feitos raros na história do rubro‑negro.
Trajetória e números em um ciclo vitorioso
Chegaram juntos ao clube em 2019 e foram parte central da sequência de conquistas que marcou a era recente do Flamengo: duas Libertadores (2019 e 2022), além de Campeonatos Cariocas, Brasileiros, Copas do Brasil, Supercopas e a Recopa Sul‑Americana. Pelo clube, ambos já ergueram 15 troféus e agora buscam o 16º.
Arrascaeta, 31 anos, é apontado como a referência técnica do time e veste a faixa de capitão. Nesta temporada ele soma 23 gols e 17 assistências em 59 partidas pelo Flamengo — números que o colocam em sua melhor fase como finalizador e organizador ofensivo.
Bruno Henrique, 34 anos, teve um 2025 marcado por altos e baixos, mas voltou a ganhar protagonismo: contabiliza 15 gols e duas assistências em 56 jogos e, após um jejum de 12 partidas sem marcar, fez seis gols nos últimos seis jogos, retomando confiança na reta final.
O papel de liderança de Arrascaeta
O técnico Filipe Luís destacou não só a importância técnica do uruguaio, mas também sua postura no vestiário. Sobre Arrascaeta, o treinador afirmou: “Vocês conhecem muito o Arrascaeta que entra em campo, pega a bola e faz a sua jogada. Um cara que sempre passa de dez assistências e dez gols em toda temporada é muito difícil achar”.
Em outra avaliação sobre o capitão, Filipe Luís acrescentou: “Mas vejo outro Arrascaeta. Ele tem uma liderança silenciosa, muito forte no vestiário. Não é capitão só pela antiguidade, é capitão porque fala. É o primeiro a fazer, o primeiro a treinar, e puxa os companheiros para que façam também. É um dos caras mais ambiciosos que tive aqui no Flamengo. Não é coincidência estar vivendo este momento, talvez o melhor da carreira”.
Bruno Henrique: futebol, processo e retorno ao protagonismo
Bruno Henrique enfrentou um processo disciplinar e judicial durante o período, que impactou sua temporada. Em julgamento de primeira instância no STJD, chegou a ser punido com 12 jogos de suspensão, pena que o Flamengo conseguiu congelar até o julgamento definitivo; na decisão final, o atacante recebeu apenas uma multa.
Ele segue, porém, réu na Justiça comum. As investigações apontaram que o jogador teria compartilhado com apostadores informações sobre um cartão amarelo que receberia em uma partida de 2023, em Brasília. Bruno Henrique nega as acusações, mas “a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal foi aceita pela Justiça”, segundo o relato da reportagem.
Sobre o momento do atacante, Filipe Luís declarou: “Eu sempre acreditei nele. Muitas vezes, as fases do jogador geram dúvidas no torcedor, na imprensa, mas eu nunca deixei de acreditar. É um jogador determinante, histórico. Está em um grande momento físico e mental e chega talvez em seu melhor momento à grande final”.
Contexto do Brasileiro e odds para o título nacional
Além da decisão continental, o Flamengo vive cenário favorável no Campeonato Brasileiro. A dois jogos do fim, o time lidera e parece perto do título: tem cinco pontos de vantagem sobre o segundo colocado. De acordo com o matemático Tristão Garcia, o Flamengo tem 97% de chance de levantar o título.
Em outro painel de probabilidades apresentado na cobertura, os percentuais eram: Flamengo 95,9%, Palmeiras 2,9% e Cruzeiro 1,2% — números que reforçam a posição confortável da equipe na tabela e a possibilidade de um calendário vitorioso.
Memória, cultura e o “oto patamá”
Há memórias que viram marca cultural. Em 2019, ainda no início da trajetória pelo clube, Bruno Henrique pronunciou que o Flamengo estava “em outro patamar” em relação ao Vasco — frase que, pela pronúncia, virou meme e disputa judicial pelo uso da marca “Oto Patamá”. Hoje, essa expressão simboliza a ambição e a autoafirmação daquela geração.
Se a dupla erguer a taça na América, o momento pode ficar ainda mais elevado na história do clube, consolidando Arrascaeta e Bruno Henrique como referências técnicas e simbólicas de um ciclo vitorioso.
Reflexão editorial — Leonardo de Paula Duarte
Como colunista e cristão, vejo na trajetória desses atletas traços que falam ao cotidiano: perseverança, liderança silenciosa e a busca por se superar mesmo diante de adversidades. A vida em equipe lembra o convite de Jesus ao cuidado mútuo: “Eu lhes dou um novo mandamento: amem‑se uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar‑se uns aos outros.” (João 13:34, NTLH). O esporte, quando vivido com ética, é espaço de esperança, reconstrução e propósito.
Que o desfecho em Lima seja avaliado não apenas pelo troféu, mas pela capacidade de inspirar responsabilidade e exemplo dentro e fora de campo.
Leonardo de Paula Duarte
Colunista

