Bancos são falíveis: liquidação do Banco Master expõe falhas — FGC prepara R$41 bi e BC pede mais regulação

Presidente do BC pede lições e reforço da supervisão após caso Master

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o sistema financeiro precisa evoluir continuamente e reconheceu que bancos são instituições falíveis, ao comentar a liquidação do Banco Master. O episódio tem gerado debate sobre supervisão, liquidez e capacidade de resposta das autoridades.

O caso Master em poucas linhas

O Banco Central decretou a liquidação do Master na semana passada, após a prisão de seu dono, Daniel Vorcaro. A operação que motivou medidas penais foi chamada de Operação Compliance Zero.

Segundo as investigações citadas pelo próprio regulador, o banco vendeu carteiras de consignado inexistentes ao BRB, estimadas em R$ 12,2 bilhões. O caso levou o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) a preparar a maior indenização de sua história, de R$ 41 bilhões.

O diagnóstico do presidente do Banco Central

Em evento da Febraban, Galípolo disse que episódios semelhantes acontecem em outros países e que é preciso aprender com eles. Nas palavras do presidente do BC: “Acontece nos EUA, na Suíça, acontece. O importante é aprendermos e inovarmos para não repetirmos problemas”.

Para reduzir riscos sistêmicos, Galípolo defendeu a necessidade de “ampliar o perímetro regulatório para englobar toda a liquidez do sistema” e ressaltou que o Banco Central precisa ser fortalecido, em especial em termos financeiros, para ter capacidade de investir em melhorias de supervisão e infraestrutura.

Inflação, Selic e prioridades do BC

Questionado sobre a inflação e a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, o presidente reiterou que o Banco Central não está satisfeito com o atual nível da inflação, que está fora da meta, e que a instituição seguirá perseguindo sua convergência. Como disse Galípolo: “Não é papel do BC ser ombudsman da política fiscal. A bola que temos que ficar de olho é a inflação”.

As declarações reúnem duas mensagens centrais: responsabilizar-se pela estabilidade de preços e ao mesmo tempo reivindicar instrumentos e estrutura para lidar com choques no sistema financeiro.

Consequências práticas e lições esperadas

O choque provocado pela liquidação do Master deve ter efeitos práticos: revisão de processos de concessão e venda de carteiras, aprimoramento da fiscalização sobre originação e securitização, e eventual ampliação do alcance das regras que monitoram liquidez e risco entre instituições.

Além disso, o papel do FGC e sua capacidade de indenizar credores aparecem no centro do debate público e financeiro, diante do valor recorde anunciado.

Reflexão cristã: responsabilidade e ética na gestão

Como colunista e cristão, observo que crises financeiras também são oportunidades para exercermos princípios de responsabilidade e transparência. A confiança pública depende não apenas de regras, mas da ética dos atores e da eficácia das instituições que as aplicam.

Uma lembrança espiritual pertinente é que maiores responsabilidades exigem conduta à altura: “A quem muito foi dado, muito será pedido; e a quem muito foi confiado, maior será a responsabilidade.” (Lucas 12:48, NTLH).

Da mesma forma, a busca por justiça e eficácia na supervisão financeira pode ser entendida como um serviço à comunidade, protegendo poupadores, empregados e a economia como um todo.

Assino este comentário com esperança de que a lição do caso Master estimule reformas concretas e um compromisso renovado com a integridade no setor financeiro.

Leonardo de Paula Duarte

Fonte: Agência Brasil / FolhaPress — declarações de Gabriel Galípolo e dados relativos à liquidação do Banco Master, Operação Compliance Zero, estimativa de R$ 12,2 bilhões e provisão do FGC de R$ 41 bilhões.

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