Gesto de recusa à guarda de honra marca eliminação do Rosario Central e acende debate sobre regulamento e ética esportiva
Por Leonardo de Paula Duarte
O episódio
Antes do apito inicial das oitavas de final do Torneio de Clausura, uma cena inusitada chamou mais atenção que o resultado em campo. “O Rosario Central protestou ao receber de costas a equipe de Ángel Di María antes do jogo pelo Clausura, reação à decisão inesperada da Liga Argentina que reconheceu o rival como campeão nacional.”
O Estudiantes fez a tradicional guarda de honra ao Rosario Central, reconhecendo o rival como campeão nacional, mas os jogadores do Central decidiram virar-se de costas para a homenagem. A imagem viralizou nas redes sociais e marcou uma partida que terminou com a eliminação do clube rosarino: “O Rosario Central acabou eliminado nas oitavas de final do Torneio de Clausura argentino neste domingo, após perder por 1 a 0 para o Estudiantes no Estádio Dr. Lisandro de la Torre.”
No campo, o resultado veio decidido por um gol: “o que realmente chamou atenção não foi o gol decisivo de Edwuin Cetré” — ainda que tenha sido ele o autor do tento que classificou o Estudiantes.
Contexto: a decisão da Liga e a razão do protesto
A atitude do Rosario Central foi, segundo analistas e torcedores, uma resposta direta a uma mudança institucional que surpreendeu o futebol argentino. “Em uma reunião inesperada, a entidade criou um novo título nacional e o concedeu ao Estudiantes, por ter terminado o ano de 2025 no topo da classificação geral com 66 pontos somados entre Apertura e Clausura.”
O resumo da controvérsia: a criação do novo troféu contrariou o regulamento vigente até então e desencadeou forte indignação entre clubes e torcedores que consideraram a decisão pouco transparente. O gesto de recusa da guarda de honra simbolizou essa discordância e transformou um ato tradicional de cortesia em foco do debate público.
Reação pública e repercussão nas redes
Nas redes sociais, a cena dividiu opiniões. Parte do público interpretou o ato como legítima manifestação de inconformismo institucional; outros viram falta de esportividade. Jornalistas esportivos e comentaristas passaram a discutir não apenas o mérito técnico da partida, mas o modelo de governança da Liga.
Do ponto de vista jornalístico, o episódio ilustra como decisões administrativas podem extrapolar os gabinetes e impactar diretamente a experiência dos jogos, provocando crises de legitimidade que se manifestam em campo e fora dele.
Reflexão cristã e ética esportiva
Como colunista cristão, observo que o esporte é um campo fértil para aprender sobre respeito, rivalidade e reconciliação. A cena da recusa à guarda de honra nos lembra que a indignação é humana, mas também precisa ser dirigida pela esperança e pelo testemunho.
Um princípio bíblico que dialoga com esse momento é uma chamada à paz e ao testemunho: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9, NTLH). Promover a paz não significa ignorar injustiças, mas buscar caminhos que preservem a dignidade e o respeito mútuo.
Na prática, isso envolve cobrar transparência e responsabilidade das instituições, sem perder de vista o exemplo e a serenidade — especialmente em ambientes de alta emoção, como o futebol.
Conclusão editorial: o episódio entre Rosario Central e Estudiantes é sintomático de um momento em que decisões administrativas repercutem fortemente no espetáculo. Que sirva de impulso para diálogo entre clubes e dirigentes e para reafirmarmos que, mesmo na contestação, há espaço para a civilidade e para o esforço conjunto em favor de um futebol mais claro e justo.
Leonardo de Paula Duarte

