Jovem empreendedor em fábrica têxtil com máquinas antigas e trabalhadores em ação, simbolizando crescimento com quatro máquinas 950 funcionários

De quatro máquinas a 950 funcionários: a trajetória de Gilmar Sprung e a ascensão da Cativa Têxtil em 37 anos

Da coragem de começar à construção de um grupo têxtil

Com apenas 21 anos, um jovem de Pomerode começou com quatro máquinas de costura em um galpão de 250 m² e o sonho de empreender. Em 1º de setembro de 1988, nascia a Cativa Têxtil, fundada por Gilmar Rogério Sprung.

O que começou como uma operação modesta evoluiu ao longo das décadas. Hoje, o grupo têxtil fundado por Gilmar em 1988 reúne 37 anos de história, quatro fábricas em dois estados e mais de 950 colaboradores diretos, com atuação em todo o Brasil.

Primeiros passos: trabalho e insistência

A trajetória de Gilmar mistura trabalho desde a infância e iniciativas empresariais precoces. Ele recorda: “Sempre foi vontade de trabalhar”, e descreve o início de sua vida profissional: “Limpava banheiro, costurava saco de milho, calibrava pneu. Estudava meio período e trabalhava meio período. Meu pai sempre estimulou que o trabalho enobrece”.

Aos 14 anos, entrou como office boy em um escritório de contabilidade, onde chegou a assumir a chefia aos 19. Aos 17, já havia aberto uma pequena agência de turismo. Mesmo assim, uma provocação de um amigo do ramo têxtil mudou o curso de sua vida: “Cara, eu queria que tu abrisse uma empresa, não um boteco”.

Decidido, Gilmar vendeu a lanchonete, deixou o escritório e foi reduzindo suas outras atividades até dedicar-se inteiramente à confecção.

Expansão por etapas: unidades e marcas

A continuidade do crescimento levou à mudança para a primeira sede própria dois anos após a fundação. A expansão seguiu em etapas: a unidade de Rio dos Cedros (SC) foi inaugurada em 1993, Apiúna (SC) em 1995 e, em 2008, a unidade de Campo Grande (MS).

O grupo reúne hoje diferentes empresas e marcas, com 85% do faturamento voltado à moda feminina. Atua também em moda feminina juvenil e masculina adulta pelas marcas Cativa, Gris, Exco e Habana e distribui milhões de peças de vestuário em todo o país anualmente.

Cultura interna e valorização do time

A cultura do grupo valoriza a longevidade e o reconhecimento. Colaboradores que completam 5, 10, 15, 20, 25 ou 35 anos são chamados de “estrelas”. Suas fotos ficam expostas em um painel e as mãos estampadas na “parede da fama”, celebrando dedicação e trajetória.

O relato de quem vive a rotina confirma o ambiente de trabalho: “Aqui sempre fui respeitado, sempre tive espaço para conversar e crescer. Tudo o que conquistei foi com a ajuda da empresa”, afirma Márcio André Erbs, que atua no setor de estamparia da empresa há 25 anos – seu primeiro e único emprego.

Gilmar resume a sensação de continuidade e desafio: “37 anos é uma vida. Parece que foi ontem que tudo começou e, para mim, ainda acho que está começando, porque ainda temos muita jornada pela frente”.

Desafios do setor: competição e responsabilidade social

O mercado têxtil brasileiro hoje enfrenta informalidade e a concorrência de produtos importados, principalmente da China. Sobre isso, Cátia Maria Sprung, Diretora Comercial do Grupo, destaca a dimensão da atividade: “Somos responsáveis pela distribuição de quase 600 mil peças por mês, que envolvem salários, manutenção de empregos, gestão adequada de pessoas e recursos, faturamento de maneira legalizada e muito pagamento de imposto”.

Na avaliação da diretora, o diferencial do grupo está nas pessoas: “Produzimos com a qualidade que queremos consumir, de forma flexível e diferenciada”. A busca por novos modelos de negócio exigiu desenvolvimento de marca e produto com a bandeira de “produtos desejados”.

Um olhar reflexivo: fé, trabalho e propósito

Histórias como a de Gilmar mostram que empreendedorismo combinado com trabalho constante e gestão de pessoas pode gerar impacto econômico e social local. Como coluna de reflexão, vale lembrar que consagrar o trabalho ao propósito maior também é um princípio que muitos encontram inspiração na fé. “Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos.” (Provérbios 16:3, NTLH)

Essa passagem convida a alinhar esforço e propósito: não se trata de garantia automática de sucesso, mas de uma orientação ética para trabalhar com dedicação, responsabilidade e serviço ao próximo. Em um setor pressionado por competitividade externa e desafios internos, esse princípio pode fomentar práticas empresariais que protejam empregos e promovam dignidade no trabalho.

Em minha leitura como colunista cristão, a história da Cativa Têxtil é exemplo de que iniciativa, disciplina e respeito pelas pessoas constroem legados. A fé inspira a perseverança; a gestão transforma esforço em oportunidades concretas para comunidades.

— Leonardo de Paula Duarte

O que fica

De um galpão de 250 m² com quatro máquinas à operação com quase mil colaboradores, a trajetória de Gilmar e da Cativa evidencia escolhas: trabalho contínuo, investimento em pessoas e adaptação ao mercado. Numa indústria tão competitiva, esses pilares definem a capacidade de resistir e gerar impacto em escala regional e nacional.

As histórias individuais — como a de funcionários que constroem carreira por décadas — e as decisões estratégicas do grupo são parte do ecossistema que mantém viva a produção têxtil brasileira.

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