Barrot condiciona apoio francês a mecanismo considerado “robusto” para proteger produtores
O governo francês voltou a colocar como pré‑condição a inclusão de uma cláusula de salvaguarda antes de apoiar formalmente o acordo de livre‑comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
“O ministro das Relações Exteriores da França, Jean‑Nöel Barrot, pediu neste domingo ao chanceler argentino, Pablo Quirno, que o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul só avance com a inclusão de uma cláusula de salvaguarda considerada robusta por Paris.” (Lusa)
O que exatamente a França exige
Segundo a diplomacia francesa, Barrot reforçou as condições estabelecidas por Emmanuel Macron e ressaltou a necessidade de um mecanismo que permita ações temporárias para conter impactos de importações sobre setores vulneráveis.
“Barrot reforçou as condições estabelecidas pelo presidente Emmanuel Macron para que a França apoie o acordo, destacando especialmente a necessidade de concluir com os países do Mercosul um mecanismo que permita adotar medidas temporárias para restringir importações sempre que houver risco de prejuízo significativo a um setor específico.” (Lusa)
Por que o setor agrícola é o centro da disputa
Para Paris, o ponto mais sensível é a agricultura. “Para o governo francês, o ponto mais sensível é a área agrícola, já que Brasil e Argentina estão entre os maiores exportadores de carne bovina, além de aves, açúcar e mel.” (Lusa)
Os temores não são apenas diplomáticos: movimentos rurais na França já demonstraram forte oposição. “Os sindicatos rurais da França chegaram a bloquear estradas e mobilizar o país em janeiro do ano passado em protesto contra o pacto, alegando que ele colocaria em risco a sobrevivência da produção local.” (Lusa)
Apesar de sinais de flexibilização, Paris afirma que o texto atual ainda é insuficiente. “Apesar de alguns sinais recentes de flexibilização por parte de Macron, Paris afirmou na semana passada que o texto atual do acordo continua inaceitável.” (Lusa)
Caminho até a ratificação e sinais de otimismo político
A Comissão Europeia assinou o tratado com o Mercosul em dezembro de 2024, após 25 anos de negociações. “A Comissão Europeia assinou o tratado com o Mercosul em dezembro de 2024, depois de 25 anos de negociações, e incluiu medidas de proteção para produtos agrícolas mais vulneráveis, além da promessa de intervir em caso de desequilíbrios no mercado.” (Lusa)
“Para entrar em vigor, o acordo ainda precisa ser ratificado pelos países da UE.” (Lusa) Isso significa que o texto final pode enfrentar vetos ou pedidos de alterações por parlamentos nacionais, como tem ocorrido com a França.
No Brasil, o vice‑presidente Geraldo Alckmin expressou otimismo: “Durante a abertura do Salão do Automóvel em São Paulo, Geraldo Alckmin afirmou que o acordo Mercosul-União Europeia será concluído no próximo mês.” (Lusa) Essa afirmação reflete uma expectativa política de avanço, mesmo diante das reservas europeias.
O que está em jogo e próximos passos
O debate mostra um equilíbrio delicado entre abertura comercial e proteção de cadeias produtivas locais. A insistência francesa em uma cláusula que permita limitar importações temporariamente visa oferecer uma rede de segurança aos produtores europeus.
Os próximos passos incluem negociações técnicas entre Bruxelas, Paris e os países do Mercosul para definir parâmetros, prazos e mecanismos de disparo dessas salvaguardas. Sem um texto considerado aceitável por potências como a França, a ratificação pela UE pode ser adiada ou condicionada a novas garantias.
Impacto prático: se implementada, a salvaguarda funcionaria como um freio temporário para proteger mercados locais diante de desequilíbrios, mas sua forma e critérios definirão se será efetiva e aceitável para o Mercosul.
Reflexão
Como colunista cristão, creio que o diálogo entre nações deve buscar justiça e prudência. A preocupação com os produtores locais é legítima e pede soluções que protejam vidas e meios de subsistência sem fechar portas ao comércio.
Na Bíblia lemos um chamado à defesa do vulnerável: “Defendam o fraco e o órfão; façam justiça ao pobre e ao necessitado.” (Salmo 82:3, NTLH).
Que as negociações avancem com transparência e responsabilidade, buscando o bem comum — uma postura que mistura razão e compaixão, típica do testemunho cristão. — Leonardo de Paula Duarte

