Dados do Banco Central mostram contraste regional: enquanto SP desacelera, Amazonas, Santa Catarina e RS lideram recuperação
O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) do Banco Central para setembro de 2025 revela sinais de enfraquecimento em centros-chave e, ao mesmo tempo, pontos de dinamismo em regiões específicas.
São Paulo: retração mensal e crescimento anêmico em 12 meses
A economia do estado de São Paulo registrou -0,2% em setembro na comparação com agosto, na série com ajuste sazonal. No acumulado de 12 meses, o avanço foi de apenas 1,5% — um dos piores desempenhos entre os 13 estados monitorados pelo IBCR.
O resultado mensal negativo e o fraco ganho anual geram preocupação sobre a capacidade de tração do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, já que São Paulo é o maior polo econômico do país. Em partes da nota técnica, a equipe que publica o índice resume a situação como uma “dupla frenagem” — caindo no curto prazo e andando de lado no longo —, o que acende um alerta para o governo sobre a capacidade de tração do PIB nacional.
Quedas expressivas, mas cenários diferentes: Paraná e Rio de Janeiro
No ranking das perdas mensais segundo o IBCR — que mede a atividade econômica em 13 estados do país — o Paraná teve o pior resultado de setembro, com recuo de 2,6% em relação a agosto (série dessazonalizada). Ainda assim, o Paraná mantém robustez no acumulado de 12 meses, com alta de 5,3%, indicando que a queda mensal pode ser pontual.
O Rio de Janeiro registrou queda de 2,0% no mês e acumula 1,7% em 12 meses, um desempenho próximo ao paulista e também sinal de desaceleração nas grandes concentrações urbanas.
Estados que puxam o crescimento em setembro
Na ponta positiva, três estados aparecem como líderes do IBCR em setembro, impulsionados por dinâmicas locais e recuperação industrial:
Amazonas: +3,1% no mês | +3,1% em 12 meses. “O líder absoluto do mês foi o Amazonas, com alta de 3,1% em setembro na comparação dessazonalizada com agosto. Na série observada, a atividade cresce 3,1% no acumulado de 12 meses.” O resultado sugere retomada do Polo Industrial de Manaus.
Santa Catarina: +1,7% no mês | +5,4% em 12 meses. A economia catarinense, com indústria diversificada e base exportadora, mostrou resiliência maior frente a choques de custo.
Rio Grande do Sul: +1,5% no mês | +2,0% em 12 meses; +5,2% na comparação interanual. O IBCR destaca que, na comparação entre setembro de 2025 e setembro de 2024, o ganho é ainda mais expressivo, o que reflete recuperação após o período marcado pelas enchentes.
Como o IBCR mede a atividade: três métricas
Para interpretar corretamente os números é importante entender a metodologia. Como explica nota do Banco Central: “Variação Mensal (série dessazonalizada): Quando citamos o desempenho “no mês” (por exemplo, a queda de 0,2% de São Paulo em setembro), utilizamos a série com ajuste sazonal. Esse tratamento estatístico desconta efeitos típicos do calendário, como feriados ou o número de dias úteis, permitindo comparar meses diferentes em condições mais similares.”
Além dessa série dessazonalizada, o IBCR apresenta o acumulado em 12 meses (dados observados), usado para avaliar tendências de médio prazo, e a variação interanual do mês, que compara um mês com o mesmo mês do ano anterior.
O que isso significa para o PIB e para políticas públicas?
A retração em São Paulo, ainda que modesta no mês, é relevante porque indica perda de momento em um estado que historicamente puxa o crescimento nacional. Se a “dupla frenagem” se mantiver, pode reduzir o ritmo de expansão do PIB em nível federal e pressionar metas fiscais e de emprego.
Por outro lado, a recuperação concentrada em estados como Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul mostra que choques e recuperações podem ser muito regionais. Isso reforça a necessidade de políticas públicas com foco territorial — investimentos em logística, indústria local e estímulo às cadeias exportadoras — para transformar retomadas regionais em crescimento mais amplo.
Reflexão cristã e ética pública
Em momentos de incerteza econômica, é prudente olhar para os dados com realismo e agir com responsabilidade. Como cristão e jornalista, lembro que a perseverança e a prudência são virtudes tanto na vida pessoal quanto na gestão pública. “E não nos cansemos de fazer o bem, porque no tempo próprio colheremos, se não desistirmos.” (Gálatas 6:9 NTLH)
Isso se traduz, na prática, em políticas que priorizem o emprego digno, o apoio a cadeias produtivas locais e investimentos que gerem frutos sustentáveis, especialmente onde a recuperação já começa a aparecer.
— Leonardo de Paula Duarte
Leitura rápida
– São Paulo: -0,2% no mês | +1,5% em 12 meses — sinal de risco para o PIB nacional.
– Paraná: -2,6% no mês | +5,3% em 12 meses — queda possivelmente pontual.
– Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul lideram alta mensal e mostram recuperação setorial.
O IBCR segue sendo um termômetro regional útil para identificar onde a atividade econômica desacelera ou acelera — e orientar decisões de política e investimento.

