Ignorou a gravidade: produtores de SC acusam governo federal de não agir contra crise do arroz após reunião no Mapa

SindArroz-SC chama encontro em Brasília de ‘frustrante e improdutiva’; setor aposta em campanha para estimular consumo

Representantes do SindArroz-SC participaram, nesta quarta-feira (3), de uma reunião em Brasília para tratar da crise do arroz. O encontro aconteceu na sede do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) e contou com a presença do secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos Júnior. A articulação foi feita pela deputada federal Geovânia de Sá (PSDB-SC).

Na avaliação do presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli, a reunião foi profundamente “frustrante e improdutiva”. O setor aponta que a situação foi gerada a partir de uma superprodução na safra 2024-2025, que deixou estoques significativos sem escoamento e pressionou os preços ao consumidor final.

O que o sindicato reclama

O SindArroz-SC alerta para um momento crítico nas indústrias de arroz em Santa Catarina e em outras regiões: queda acentuada de preços e prejuízos acumulados. Segundo Rampinelli, “Os ativos das empresas exigem manutenção constante. Sem resultado econômico, não há como sustentar a operação. Temos tentado evitar demissões, mas o ponto de equilíbrio está se tornando inviável”.

O presidente fez duras críticas à postura do governo federal durante o encontro: “Não apresentou uma única proposta nova. Limitou-se a repetir medidas já conhecidas, que não surtiram o efeito necessário até agora. A ausência de ações concretas nos leva a crer que o governo está confortável com o desmonte silencioso que está ocorrendo no setor”.

Medidas propostas pelo setor

Além de pedir ações emergenciais, as indústrias e entidades do setor propõem iniciativas para aumentar o consumo e escoar os estoques. O SindArroz-SC integra, em nível nacional, uma campanha em parceria com a Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz) e o IRGA (Instituto Rio Grandense do Arroz) para incentivo ao consumo de arroz.

Como explicou Rampinelli, “Estamos propondo caminhos. O setor está pedindo apoio para atravessar este momento e o mínimo esperado era uma sinalização efetiva de diálogo e ação por parte do governo”. A entidade reforça, porém, que ações estruturantes de longo prazo não substituem a necessidade de respostas emergenciais diante da crise do arroz.

Presenças e articulação política

Além de representantes do setor, participaram do encontro diversas lideranças políticas e setoriais, entre elas o senador Espiridião Amin (PP-SC), os deputados federais Luiz Fernando Vampiro (MDB-SC) e Rafael Pezenti (MDB-SC) e o secretário de Estado da Agricultura de Santa Catarina, Carlos Chiodini. Cooperativas, empresas e entidades ligadas à cadeia produtiva do arroz de diferentes estados também marcaram presença.

O tom do encontro, segundo os presentes, foi de preocupação com a continuidade das operações industriais e com o emprego nas regiões produtoras. O principal ponto de tensão permanece sendo a combinação de estoques altos e mercado restrito, sem medidas emergenciais consideradas eficazes pelo setor.

Reflexão editorial por Leonardo de Paula Duarte

Como colunista e cristão, vejo neste episódio uma chamada à responsabilidade coletiva. Quando comunidades produtivas enfrentam perda de dignidade no trabalho e risco de desemprego, há um chamado ético para que autoridades, empresas e sociedade se mobilizem em soluções práticas e compassivas.

“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para as pessoas.” (Colossenses 3:23, NTLH)

Essa perspectiva não substitui o debate técnico — financiamento, logística de escoamento, campanhas de consumo e medidas de mercado são urgentes —, mas lembra que decisões públicas e privadas têm impacto humano real. A busca por soluções deve aliar técnica, diálogo e cuidado pelas pessoas afetadas.

O setor demonstrou propostas e pediu diálogo. Resta agora acompanhar se haverá ações concretas que superem a repetição de medidas conhecidas e ofereçam alívio imediato aos produtores e indústrias. Até lá, iniciativas de estímulo ao consumo — como a campanha com Abiarroz e IRGA — podem reduzir parte do estoque, mas dificilmente resolverão, sozinhas, a complexidade da crise do arroz.

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Leonardo de Paula Duarte

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