Leilão do Clube Sociedade Diana, em Joinville, é suspenso após recurso: dívida sobe de R$261 mil para ~R$590 mil

Desembargadora suspende leilão e adia decisão sobre venda do tradicional salão de bailes

O leilão do imóvel da Sociedade Desportiva, Recreativa, Cultural, Caça e Tiro XV Diana, tradicional clube de bailes de Joinville, foi suspenso nesta quinta-feira (27), após a Justiça aceitar um recurso da defesa em segunda instância. O leilão estava marcado em razão de uma dívida originada de um processo trabalhista.

Como ocorreu a suspensão

A defesa do clube recorreu em segunda instância contra o prosseguimento do leilão e a desembargadora Eliza Maria Strapazzon acatou o pedido. Segundo o advogado Diego Eduardo Koprowski, que representa o clube, “Após a dívida quitada, a parte contrária solicitou uma atualização do cálculo, que elevou o valor. O juiz havia acolhido esse novo montante e tinha mantido o leilão”.

O Tribunal suspendeu o leilão até o julgamento do mérito do recurso. Segundo a decisão, esse julgamento não ocorrerá ainda este ano, e a defesa estima que o prazo até a pauta possa levar cerca de seis meses.

Recalculação da dívida e os pontos contestados

Os números do processo mostram a complexidade: a dívida inicial era de R$ 261 mil e chegou a ser quitada pelo clube. Após o pagamento, o credor apresentou um novo cálculo que elevou o valor para aproximadamente R$ 590 mil.

A defesa questionou a atualização do montante e alegou violação ao contraditório — ou seja, que “uma das partes não teve tempo hábil ou oportunidade de se manifestar de forma adequada”. Também foi apontada a “mudança abrupta nos parâmetros do cálculo” e o risco de dano irreparável caso o imóvel fosse vendido.

Conforme Koprowski, “Enquanto não for pautado esse agravo, o leilão não vai acontecer, esse julgamento pode durar em torno de seis meses e dependendo do que for decidido vai mudar completamente o cumprimento de sentença”. A defesa pede que o Tribunal reconheça a quitação da dívida; se isso ocorrer, o leilão não será realizado definitivamente.

O imóvel, a comunidade e a surpresa do edital

O terreno do Clube Sociedade Diana, um dos espaços culturais e históricos mais lembrados do bairro Glória, possui área total de 3,3 mil metros quadrados e foi avaliado em R$ 4,9 milhões pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina. O primeiro leilão estava marcado para 24 de novembro.

A gestão atual do clube relata ter sido surpreendida pelo anúncio público. Michelle Cristina Antunes, responsável por organizar os bailes e com a gestão familiar há 17 anos, afirmou que “A mesma postagem que todo mundo viu foi a que nós vimos. Não recebemos notificação, não assinamos nada. Fomos surpreendidos”.

Michelle disse ainda: “É um processo de 20 anos. Não era conosco, nem com o presidente atual. Não sabemos por que ficou arquivado tanto tempo. E neste ano, entre janeiro e maio, foi reaberto, mas não fomos avisados”. Segundo ela, uma advogada anterior não teria estabelecido contato com o clube: “Então, entramos com um novo advogado para tentar reverter”.

No cotidiano, o salão acolhe públicos diversos: bailes para a melhor idade, cafés coloniais, eventos beneficentes e ações com ONGs locais — como o Baile dos Gigantes, que reuniu oito bandas para arrecadar recursos para a compra de próteses para um atleta da APJ.

O que está em jogo

Além do aspecto patrimonial e jurídico, o caso envolve memória cultural e função social. Para frequentadores e organizadores, o Diana é um ponto de encontro que voltou a ganhar força após a pandemia. Michelle lembra: “Eu peguei o clube ali depois da pandemia, então foi uma luta para tentar reviver, fazer com que as pessoas voltassem a frequentar nossa casa. Hoje temos um número de público muito legal”.

O imbróglio jurídico coloca em risco não só o imóvel, mas atividades sociais voltadas a idosos, pessoas em tratamento de saúde e iniciativas beneficentes da cidade.

Reflexão cristã

Em tempos de incerteza, a defesa dos espaços comunitários nos lembra da importância de agir com justiça e compaixão. Como está escrito: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele mesmo agirá.” (Salmo 37:5, NTLH)

É legítimo buscar os meios legais para proteger instituições que guardam memória e acolhem pessoas vulneráveis. Ao mesmo tempo, a comunidade é chamada a permanecer unida, ofertando apoio prático e orações pelos envolvidos — esforços que traduzem amor ao próximo em ações concretas.

— Leonardo de Paula Duarte

O que vem a seguir: o leilão permanece suspenso até que o agravo seja julgado. Dependendo da decisão do Tribunal, o cumprimento da sentença pode ser alterado ou extinto se for reconhecida a quitação da dívida.

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