Ex-capitão do Benfica e comentarista Luisão classifica fala de Abel como desrespeito ao Brasileirão
O empate sem gols entre Palmeiras e Fluminense, no Allianz Parque, reacendeu um debate sobre a postura do técnico palmeirense Abel Ferreira diante da reta final do Brasileirão. Depois da partida, Abel afirmou que “o campeonato está entregue”, declaração que gerou reação imediata e crítica dura do ex-zagueiro Luisão no programa Resenha da Rodada, da ESPN Brasil.
O que Luisão disse
Sobre a fala do treinador, Luisão afirmou: “Pode até ter sido estratégia, mas soou como menosprezo ao campeonato brasileiro. Ele e a Leila, como sempre… às vezes parece que se colocam acima do bem e do mal. Eu não acredito que ele tenha jogado a toalha”. Em seguida, complementou: “É um menosprezo com o time que está na liderança, é um menosprezo com quem está lá atrás lutando e é um menosprezo com quem vier a ser campeão brasileiro. Para mim, isso faz parte de uma estratégia infeliz”.
As críticas de Luisão vêm em contexto claro: faltam três rodadas para o fim do Brasileirão e o Flamengo lidera com 74 pontos, quatro a mais que o Palmeiras — que tem 70 pontos. O rubro-negro tem três jogos restantes contra Atlético-MG, Ceará e Mirassol; o Palmeiras enfrenta Grêmio, Atlético-MG e Ceará.
As palavras de Abel Ferreira
Na coletiva após o empate, Abel justificou a opção por focar no jogo mais importante na sequência: “Devemos canalizar nossa energia para o próximo sábado. Temos um jogo no meio da semana e vamos prepará-lo da forma que acharmos melhor, mas o campeonato está entregue. No momento certo vamos falar sobre o que foi este Brasileirão.”
O comentário do treinador é contextualizado pela proximidade da final da Copa Libertadores entre Palmeiras e Flamengo, marcada para sábado no Estádio Monumental de Lima, no Peru — partida que tem peso decisivo para o calendário e preparação do time.
Visão de campo: opinião de Luís Fabiano e cenário esportivo
No mesmo debate, o ex-atacante Luís Fabiano apontou que o Palmeiras chega em queda na reta decisiva, enquanto o Flamengo vive um momento de crescimento: “O Palmeiras já não é aquele time de antigamente. Futebol brasileiro é assim. Se você ganha na quarta e perde no sábado, já é considerado ruim. O Palmeiras caiu justamente na hora errada, porque tem final de Libertadores”.
Luís Fabiano acrescentou: “Para vencer, vai ter que fazer um jogo perfeito, porque o Flamengo cresceu no momento certo. O Palmeiras teve uma queda inexplicável. Nem dá para culpar desfalques, porque o time estava completo e mesmo assim não venceu. Do outro lado havia um grande adversário”.
Nos números apresentados publicamente, o Flamengo chegou a ser estimado com 93% de chance de ser campeão — índice que reforça a percepção de favoritismo, mas não invalida as possibilidades matemáticas e esportivas nas últimas três rodadas.
Impactos e interpretações
Há duas leituras principais sobre a declaração de Abel. A primeira é estratégica: priorizar preparação física e tática para a final da Libertadores face ao calendário apertado. A segunda é simbólica: tratamentos públicos da competição que podem soar como desrespeito para rivais, torcedores e demais clubes envolvidos na disputa do título.
Do ponto de vista de quem acompanha o futebol com atenção ao comportamento e comunicação, frases que minimizam uma competição podem gerar desgaste midiático e questionamentos sobre postura profissional — especialmente quando emanam do técnico de um clube ainda disputando as duas frentes.
Reflexão cristã e ética do discurso (coluna de Leonardo de Paula Duarte)
Como jornalista e cristão, vejo aqui lições sobre responsabilidade no uso da palavra. A Bíblia lembra que “O orgulho anda na frente da destruição, e a arrogância anda antes da queda” (Provérbios 16:18, NTLH). Esse princípio convida a humildade em qualquer cargo de liderança, inclusive no esporte.
Falar com equilíbrio não é fraqueza; é respeito. Em campo ou fora dele, o testemunho público importa. Uma declaração pode ser estratégia — e, ao mesmo tempo, pode ferir sensibilidades e reduzir a nobreza da disputa esportiva. Que torcedores, atletas e treinadores sejam guiados por espírito competitivo, mas também por cortesia e honestidade intelectual.
Assino esta análise com uma atitude de esperança: que o desfecho das competições seja decidido em campo e que as palavras contribuam para o fair play e o bom testemunho de todos os protagonistas.
Leonardo de Paula Duarte

