Prioridades do governo: jornada de trabalho, fim do 6×1 e isenção da PLR entram no debate
No evento de sanção da reforma do Imposto de Renda, realizado no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acenou com mudanças na jornada de trabalho e com a isenção total da PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
A isenção da PLR foi citada antes da fala de Lula por Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores, e pelo deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que relatou o projeto da isenção do IR na Câmara. Hoje, a PLR tem cobrança do Imposto de Renda quando superior a R$ 8.214.
O que Lula disse no Planalto
Sobre a jornada, o presidente afirmou: “A gente não pode continuar com a mesma jornada de trabalho de 1943 [ano da criação da Consolidação das Leis do Trabalho]”.
Em outro trecho de seu discurso, Lula completou: “Os métodos são outros, a inteligência foi aprimorada, essa revolução digital mudou a lógica da produção”.
Ao falar da isenção do IR sobre a participação nos lucros, o presidente reconheceu o alcance simbólico e prático da medida, mas ponderou que ela “não vai salvar a humanidade brasileira”, segundo transcrição do evento.
Impacto fiscal e compensações previstas
Promessa de campanha do presidente, a isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000 é uma das apostas do governo para 2026. Cálculos do Ministério da Fazenda indicam que cerca de 15 milhões de brasileiros deixariam de pagar imposto com essa regra.
Para compensar a perda de arrecadação, a reforma prevê carga maior sobre os chamados super-ricos: um grupo estimado em 140 mil contribuintes com ganhos acima de R$ 600 mil por ano (o equivalente a R$ 50 mil por mês), segundo as mesmas projeções.
Jornada, 6×1 e as bandeiras sindicais
A redução da jornada e o fim da escala 6×1 estão entre as principais bandeiras da esquerda brasileira e foram recentemente encampadas pelo governo federal. O tema é defendido por centrais sindicais como a CUT e ganhou visibilidade no evento ao lado da pauta tributária.
O debate envolve aspectos trabalhistas, produtivos e sociais: os defensores afirmam que jornadas menores podem distribuir emprego e melhorar qualidade de vida; críticos apontam riscos de custo para alguns setores. O próprio presidente pediu que o tema seja aprofundado antes de decisões finais.
Contexto político e sinais no Congresso
A cerimônia não contou com a presença dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), fato interpretado como mais um sinal de estreitamento nas relações entre o Executivo e a cúpula do Legislativo.
Na mesma semana, o governo oficializou a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). A sabatina está marcada para 10 de dezembro, e aliados dizem que Lula deverá procurar Davi Alcolumbre para tratar da nomeação, diante de resistência do senador.
O que permanece em aberto
Os anúncios e sinais do Planalto abrem espaço para negociações: a mudança efetiva na jornada de trabalho depende de diálogo com trabalhadores e empregadores, e a isenção plena da PLR exige tramitação e ajustes fiscais para equilibrar receitas e despesas públicas.
Dados concretos sobre prazos e textos finais não foram apresentados no evento; o que se tem são intenções públicas e estimativas do Ministério da Fazenda, conforme divulgado pelo governo.
Reflexão cristã — Em tempos de decisões econômicas e políticas que afetam o trabalho e o sustento das famílias, é importante lembrar princípios que orientam uma convivência justa e digna. Como nos lembra a Escritura: “Tudo o que vocês fizerem, façam de todo o coração, como se estivessem servindo ao Senhor, e não aos homens” (Colossenses 3:23, NTLH).
Uma política pública que busca reduzir desigualdades e dignificar o trabalho dialoga com a vocação cristã de cuidado com o próximo e busca pelo bem comum. Essa perspectiva não exclui debate técnico e plural: pede apenas que as decisões sejam tomadas com responsabilidade e atenção aos mais vulneráveis.
— Leonardo de Paula Duarte

