Novas alegações sobre a vitória da mexicana trazem foco para laços empresariais e conduta da direção do Miss Universo
Uma nova onda de polêmica envolve a edição 2024 do Miss Universo após a vitória de Fátima Bosch Fernández, representante do México. Alegações que circulam nas redes sociais e reportagens indicam possíveis conexões entre o responsável pela organização do evento, Raúl Rocha Cantú, e o pai da vencedora, Bernardo Bosch Hernández, que desde 2017 atua como consultor da direção-geral da Pemex Exploração e Produção (PEP).
O que dizem as denúncias
Segundo o jornal La Reforma, Bernardo Bosch Hernández “participa na definição de políticas e no acompanhamento de projetos estratégicos” na PEP. A matéria lembra que a empresa estatal faz negócios com a Soluciones Gasíferas del Sur, dirigida por Raúl Rocha Cantú, e que essa coincidência motivou críticas e alegações de que a vitória de Fátima poderia ter sido comprada.
As redes também reavivaram um relato anterior: “um jurado do programa ter desistido dias antes da realização da final do concurso, alegando que a vencedora já estaria escolhida”. Essas suspeitas ganharam força com menções ao histórico e às recentes acusações contra Raúl Rocha.
Defesas, afastamentos e acusações
Rocha Cantú afirmou publicamente que não tem “nada a ver” com a empresa do pai de Fátima. Ainda assim, a sequência de denúncias e o confronto nos bastidores ampliaram a crise: o diretor do Miss Universo acabou afastado após o episódio em que mandou uma concorrente se calar durante uma reunião na Tailândia.
Além disso, a cobertura relata que Raúl Rocha foi recentemente acusado de fraude no concurso e “indiciado por tráfico de drogas e armas, bem como contrabando de combustível, nos últimos dias”. Esses fatos, quando combinados às ligações empresariais apontadas pela imprensa, explicam a reação do público e a intensificação das investigações informais nas redes sociais.
O episódio na Tailândia e repercussão entre as candidatas
Dias antes da final, Fátima esteve envolvida em um confronto com o organizador do evento na Tailândia. Em uma reunião, o diretor mandou a concorrente se calar no momento em que ela tentou se defender; com o apoio de outras candidatas, ela acabou abandonando uma das atividades do evento. A reportagem registra que essa candidata foi chamada de “burra” pelo diretor.
O protesto das participantes recebeu respaldo público: a Miss Universo 2024, Victoria Theilvig, declarou que “isto é sobre os direitos das mulheres“, acrescentando que criticar uma garota dessa forma “vai para lá do ‘desrespeitoso’“. O episódio provocou desculpas e versões públicas do organizador do concurso, mas o desgaste levou ao afastamento do diretor da organização.
Resultado da final e contexto do pódio
Na final realizada na Tailândia, Fátima Bosch conquistou o título. Atrás dela ficaram, respectivamente, a tailandesa Praveenar Singh, a venezuelana Stephany Adriana Abasali Nasser, a filipina Ahtisa Manalo e a representante da Costa do Marfim, Olivia Yacé.
A vitória, contudo, não encerrou as dúvidas: a combinação de relatos sobre bastidores, denúncias de um jurado e possíveis laços entre a família da vencedora e o dirigente da organização mantém o debate público aceso.
Análise: o que a realidade permite afirmar — e o que permanece como alegação
É importante distinguir fatos apurados de suposições e conjecturas. Dos trechos disponíveis nas reportagens, podemos afirmar que:
– Bernardo Bosch Hernández atua como consultor da PEP desde 2017 e, segundo o veículo citado, participa na definição de políticas e no acompanhamento de projetos estratégicos.
– Existem contratos comerciais envolvendo a Pemex e a empresa vinculada a Raúl Rocha Cantú, conforme levantamento jornalístico.
– O diretor do Miss Universo foi alvo de acusações graves recentemente e foi afastado após incidentes com candidatas durante a etapa na Tailândia.
Por outro lado, a afirmação de que a vitória de Fátima foi comprada permanece uma alegação pública que carece de prova judicial ou de uma investigação oficial pública que confirme cash-for-title ou escolha prévia do resultado. Relatos de jurados, correntes em redes sociais e coincidências empresariais alimentam suspeitas legítimas, mas não substituem investigação.
Reflexão cristã e responsabilidade pública — por Leonardo de Paula Duarte
Como jornalista e colunista cristão, creio que a verdade e a justiça devem caminhar juntas. Em tempos de suspeitas públicas, a comunidade precisa de transparência e de processos claros. A Bíblia nos lembra princípios úteis para essa hora: “Antes, empenhem-se sempre nas coisas boas e dignas de confiança” (Filipenses 4:8, NTLH) — um chamado à busca pela verdade, sem precipitação nem calúnia.
É natural que escândalos envolvendo figuras públicas provoquem dor, raiva e pedidos por respostas. Nossa responsabilidade é cobrar investigação séria das autoridades competentes, respeitar a presunção de inocência quando ela existir e também ouvir as vozes das vítimas de desrespeito. Pedir clareza não é vingança; é serviço ao bem comum.
— Leonardo de Paula Duarte
O que esperar a seguir
Ao público resta acompanhar desdobramentos formais: investigações jornalísticas aprofundadas, eventuais apurações policiais relacionadas às acusações contra dirigentes e posicionamentos oficiais da organização Miss Universo e das empresas envolvidas. Até que surjam provas documentais ou decisões judiciais, o caso seguirá marcado por denúncias e controvérsias.
Enquanto isso, o debate sobre ética em concursos, transparência em instituições e o respeito às candidatas segue em evidência. A cobertura deve permanecer crítica, fiel aos fatos e cuidadosa para não transformar suspeitas em condenações sem lastro probatório.

