Presidente da Câmara cobra justificativas de deputados que rejeitaram projeto do governo Lula; relator Guilherme Derrite mudou o texto seis vezes
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira, 19, que os parlamentares que votaram contra o projeto de lei Antifacção devem explicar publicamente suas razões.
Em entrevista à Rádio CBN, Motta disse: “Quem votou contra tem que hoje dar a sua cara a tapa para dizer por que ficou contra a matéria e não ficar criando narrativas inverídicas”.
O que foi aprovado e quem assinou o texto
De autoria do próprio governo Luiz Inácio Lula da Silva, o PL Antifacção foi aprovado em plenário na terça-feira, 18, sem votos dos deputados do PT, que ficaram contrários às alterações feitas pelo relator.
O relator, Guilherme Derrite (PP-SP), apresentou seis versões do texto ao longo de duas semanas — a última protocolada pouco antes do início da discussão em plenário — e alterou a redação original para atender a pedidos do governo. Ainda assim, integrantes do PT permaneceram críticos e tentaram adiar a votação, sem sucesso.
Placar e destino da proposição
O placar final foi de 370 votos a favor, 110 contra e três abstenções. Ao exibir o resultado, a oposição, da qual o relator é integrante, celebrou a aprovação. Parlamentares do PL e do Centrão deram amplo apoio ao novo texto, que endurece penas para membros de facções criminosas.
A proposição agora vai ao Senado para análise.
Reações e impacto político
A votação expôs divergências internas e um ambiente de disputa entre governo e oposição. Embora o projeto seja de autoria do Palácio do Planalto, a falta de votos petistas evidencia desentendimentos sobre o conteúdo final do relatório e sobre a estratégia legislativa adotada nas semanas anteriores.
Fontes da sessão também destacaram a negociação intensa nos bastidores e as múltiplas alterações do relator como fatores que contribuíram para a polarização em torno do tema.
Reflexão cristã e editorial
Em momentos de controvérsia pública, é legítimo e saudável que representantes eleitos expliquem suas posições ao eleitorado. A prestação de contas fortalece a confiança democrática e impede que narrativas desencontradas ocupem o espaço público.
Como recorda a Escritura, a verdade e a responsabilidade nos relacionamentos são fundamentais: “Por isso, deixem a mentira e digam a verdade cada um ao seu próximo, porque somos membros uns dos outros” (Efésios 4:25, NTLH).
Que a exigência por explicações se dê sempre com urbanidade e compromisso com o bem comum. Cobrar responsabilidade não é desejo de vingança; é pedido por clareza. Nos termos de uma ética pública cristã, devemos buscar a verdade sem rancor, exercer a crítica com amor e lembrar que a votação de ontem será julgada, sobretudo, pelos efeitos concretos na segurança e na vida das pessoas.
Leonardo de Paula Duarte
Coluna assinada — reportagem baseada em declarações de Hugo Motta e informações da sessão da Câmara sobre o PL Antifacção.

