Cena de reunião com profissionais discutindo, destacando os arquitetos ia foram e seu impacto social

Por que os “Arquitetos da IA” foram eleitos Pessoa do Ano 2025 pela Time — sinais, riscos e responsabilidades para a sociedade

A revista Time escolheu os chamados “Arquitetos da IA” como Pessoa do Ano de 2025. A distinção reconhece o papel central de desenvolvedores, equipes de pesquisa e empresas que projetam sistemas de inteligência artificial capazes de moldar decisões, economias e culturas.

Mais do que um prêmio, a escolha funciona como um alerta público: a tecnologia avançou a ponto de tornar seus criadores protagonistas de transformações sociais profundas — e, por isso, carregam responsabilidades que vão além do código.

Por que a escolha importa

A nomeação destaca que a influência da inteligência artificial deixou de ser apenas técnica para ser política e social. Ferramentas que automatizam tarefas, geram conteúdo e tomam decisões impactam setores como saúde, educação, trabalho e segurança pública.

Ao reconhecer os Arquitetos da IA, a Time chama atenção para quem define os parâmetros, os dados de treinamento e os objetivos desses sistemas — escolhas que traduzem valores e prioridades.

Principais desafios éticos

Entre os debates mais urgentes estão:

Viés e discriminação: algoritmos treinados em dados históricos podem perpetuar ou amplificar desigualdades.

Privacidade e vigilância: modelos que observam comportamentos individuais levantam questões sobre consentimento e proteção de dados.

Desemprego e requalificação: automação pode deslocar ocupações, exigindo políticas públicas de formação e rede de proteção social.

Segurança e desinformação: a mesma tecnologia que gera soluções também pode ser usada para produzir conteúdos falsos ou facilitar ataques digitais.

Esses desafios não têm respostas exclusivamente técnicas. Exigem diálogo entre governos, sociedade civil, empresas e comunidades acadêmicas para estabelecer padrões, fiscalização e mecanismos de responsabilidade.

O que isso significa para o Brasil

No contexto brasileiro, a nomeação reforça necessidades já conhecidas: ampliar investimento em educação tecnológica, fortalecer marcos regulatórios e reduzir a desigualdade digital.

Há oportunidades relevantes — startups locais, aplicação de IA para agronegócio e saúde pública, e iniciativas de inclusão — mas também risco de concentração de poder em poucos atores com capacidade técnica e econômica.

Políticas públicas devem priorizar formação profissional, proteção de dados e regras claras para uso governamental de IA. A participação democrática é essencial para que essas tecnologias sirvam ao bem comum, e não apenas a interesses privados.

Reflexão cristã e responsabilidade ética

Como cristão e colunista, vejo nesta escolha um chamado à responsabilidade moral. A criação humana de ferramentas poderosas exige sabedoria e serviço ao próximo.

Nas Escrituras encontramos um princípio orientador: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, sem censura, e ele a dará” (Tiago 1:5, NTLH). Esse versículo lembra que a busca por discernimento é legítima e necessária diante de inovações que afetam vidas.

Princípios cristãos — como a dignidade humana, a justiça e o cuidado com o próximo — podem e devem informar debates sobre IA. Defender políticas que protejam os vulneráveis, promover transparência e exigir prestação de contas são formas práticas de aplicar fé à praça pública.

Convido desenvolvedores, gestores públicos e cidadãos a considerarem não apenas o que a tecnologia pode fazer, mas o que ela deve fazer. É um convite à prudência, à generosidade e ao serviço.

Leonardo de Paula Duarte

O caminho adiante

A eleição dos Arquitetos da IA como Pessoa do Ano é mais que um reconhecimento: é um aviso e uma oportunidade. Aviso porque revela riscos não mitigados; oportunidade porque coloca no centro das discussões quem pode influenciar rumos futuros.

Para que a tecnologia contribua para o bem-estar coletivo, é preciso unir regulação responsável, ética profissional, educação robusta e participação cidadã. Assim poderemos transformar inovação em progresso justo e sustentável.

Em suma: a tecnologia não é neutra. Quem a projeta carrega responsabilidade histórica — e, como sociedade, precisamos garantir que essa responsabilidade seja exercida com transparência, equidade e respeito à dignidade humana.

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