Porto Meridional de R$ 6 bilhões (53 mi t/ano): como novo terminal no RS pode reduzir custos e impulsionar exportações de SC

Investimento bilionário no RS e resposta logística em Santa Catarina

Um projeto privado de R$ 6 bilhões para a construção do Porto Meridional em Arroio do Sal (RS) acende um novo capítulo na logística do Sul do Brasil. Com previsão para iniciar obras em 2026 e capacidade planejada para operar até 53 milhões de toneladas por ano, o empreendimento já passa pelas fases finais de licenciamento ambiental e recebeu declarações de utilidade pública e aval de órgãos como a Marinha e a Antaq.

A perspectiva mobiliza empresários em Santa Catarina, sobretudo no Sul do estado, onde Criciúma — a 132 quilômetros de Arroio do Sal — observa possíveis impactos na competitividade dos custos de escoamento.

O que dizem empresários e advogados do projeto

Para o presidente da Acic (Associação Empresarial de Criciúma), Frank Hobold, a chegada de uma nova alternativa portuária é positiva. Segundo ele, “A nossa economia no Brasil, infelizmente, tem andado meio de lado nos últimos anos. Mas isso não é para a vida inteira. Daqui a pouco nós vamos ver de novo um ‘boom’ de crescimento. E nós precisamos estar servidos pelos portos. Quanto mais investimento tiver, melhor”, analisa.

Do ponto de vista local, a Câmara de Vereadores de Arroio do Sal atualizou o Plano Diretor para permitir uso portuário e industrial na área do empreendimento. Nas palavras do diretor jurídico do Porto Meridional, André Busnello, “É um avanço muito importante para viabilizar a instalação do Porto Meridional e demonstrar o quanto a comunidade aprova o projeto e quer vê-lo viabilizado”, declarou.

Impacto direto para exportadores de Santa Catarina

Empresas catarinenses e do agronegócio podem ganhar com menor distância de escoamento quando comparada a portos mais ao Sul, como o de Rio Grande. A proximidade de Arroio do Sal com o eixo entre Florianópolis e Porto Alegre torna o terminal potencialmente atraente para cargas vindas do Sul de SC.

Hobold lembra que a concorrência entre portos tende a beneficiar o exportador. “Nós temos que aplaudir todos os investimentos privados que aconteçam. E acredito que o Rio Grande do Sul tem possibilidade de ter um segundo porto forte. Eles só têm o de Rio Grande, que está bem no Sul. As empresas estão ávidas para poder exportar do porto mais próximo de si, mas cabe ao porto fazer o seu trabalho e oferecer rotas que possam beneficiar as empresas que exportam”, avalia.

Na prática, muitos agentes logísticos e exportadores já se reorganizam para aproveitar rotas mais curtas. Empresas na região afirmam que a exportação representa parcela significativa da receita: em alguns casos, “mais de 40% da nossa receita é exportação”, o que explica atenção redobrada a prazos e custos portuários.

Como o Porto de Imbituba está reagindo

O Porto de Imbituba, no Sul de Santa Catarina, também passa por modernizações para manter competitividade. A principal obra é a ampliação do Cais 3 — investimento estimado em R$ 95 milhões — que elevará o comprimento do cais de 245 para 271 metros e permitirá receber navios de até 270 metros de extensão.

Com novos equipamentos e melhorias nos sistemas de manutenção, a obra promete reduzir o tempo médio das operações, hoje em cerca de seis dias, para quase a metade. A entrega está prevista para 2027.

Para operadores locais, esse tipo de ampliação complementa a oferta portuária: cargas que não caibam em um porto ou que precisem de rotas específicas poderão se beneficiar de alternativas. Conforme observa Hobold, “Cada um vai fazer funcionar e viabilizar o seu negócio. É assim que funciona. A livre concorrência é a melhor coisa que existe”.

Riscos, prazos e incertezas que empresas devem acompanhar

Apesar das previsões otimistas, há riscos relevantes a considerar. O Porto Meridional depende de conclusão de licenciamento ambiental e de integração logística com estradas, ferrovias e terminais de apoio. Prazos podem se estender, e o início das obras em 2026 ainda depende de autorizações definitivas.

Além disso, rotas e serviços comerciais oferecidos pelo novo porto é que determinarão o real ganho para exportadores. Um porto pode gerar benefícios locais sem, necessariamente, disputar diretamente todos os fluxos de outros terminais; muitas vezes, a distribuição de cargas se ajusta conforme preço, prazo e confiabilidade.

Para as empresas catarinenses, a estratégia prática nas próximas temporadas será monitorar tarifas, janelas de embarque, rotas oferecidas e investimentos em infraestrutura viária que conectem a planta produtiva aos portos escolhidos.

Reflexão cristã — serviço, trabalho e bem comum

Como colunista e cristão, vejo nessa movimentação econômica um chamado à responsabilidade social e ao serviço ao próximo. Projetos de grande escala geram empregos e oportunidades, mas exigem também cuidado com comunidades e meio ambiente.

Uma palavra que inspira confiança é bíblica: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para as pessoas” (Colossenses 3:23, NTLH). Aplicada ao setor público, privado e às comunidades, essa perspectiva reforça a importância de transparência, diálogo e ética nos processos.

Assinado,

Leonardo de Paula Duarte

Observadores e empresários de Santa Catarina devem acompanhar de perto a evolução do Porto Meridional e as obras em Imbituba para identificar janelas de oportunidade logística. Em curto prazo, a simples expectativa do novo terminal já reconfigura decisões de investimento e roteamento de cargas — e pode, de fato, reduzir custos e acelerar exportações quando as infraestruturas estiverem operando de maneira integrada e eficiente.

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