Safra de cebola em SC cresce 7,3% e abre janela para valorização; produtores estocam cerca de 40 mil toneladas

Cepa/Epagri prevê aumento da produção apoiado por ganhos de produtividade; colheita avança e parte do volume é guardado até 2026

A safra de cebola em Santa Catarina começou com perspectivas melhores do que as do ano anterior. Estimativas do Cepa/Epagri apontam para um incremento de 7,3% na produção em relação a 2024, o que representa cerca de 40 mil toneladas.

Ganho de rendimento, não de área

O avanço não decorre de expansão significativa da área plantada — que subiu apenas 1,41% —, mas de ganhos de produtividade em polos importantes.

Destaques regionais apontam aumentos de rendimento de 10,04% em Ituporanga, 11,03% em Rio do Sul e 8,09% em Canoinhas. Sobre Ituporanga, o relatório registra: “A região de Ituporanga, principal polo produtor do estado, apresenta lavouras em excelente condição, resultado de um ciclo favorecido pelo clima e pelo manejo adequado”, afirmou Lillian, analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa.

Preços, armazenamento e estratégia dos produtores

Os preços ao produtor permanecem sem novas referências desde junho, quando a saca de 20 kg foi cotada a R$ 30,29. No atacado, houve uma leve alta em relação a setembro, de 9,49%, com preço médio de R$ 41,06.

Com a perspectiva de que a produção do Sul do país passe a abastecer o mercado nacional nas próximas semanas, muitos produtores adotam a estratégia de guardar parte da produção. Como observa a analista: “Em Santa Catarina, as estruturas de guarda permitem que os produtores mantenham parte da safra estocada, aguardando períodos de menor oferta em 2026”, explicou Lillian.

A colheita das áreas mais precoces já começou, mas grande parte desse volume inicial está sendo estocada. A projeção dos técnicos é de preços mais favoráveis no primeiro trimestre de 2026, período historicamente marcado por menor oferta. No estado, a colheita deve se estender até meados de janeiro.

Cenário nacional e impacto nas importações

O abastecimento no mercado brasileiro segue elevado. Em outubro, o país zerou a importação de cebola pela primeira vez desde 2007, reflexo da forte oferta nacional — especialmente da produção do Cerrado, cuja colheita vai até o início de novembro.

Esse panorama nacional, somado ao avanço da safra catarinense, reforça a expectativa de que, sem importação, os preços ao produtor tendam a subir ao longo dos próximos meses. O armazenamento local pode então ser decisivo para que produtores capturem períodos de maior preço.

O que isso significa para mercados e consumidores

Para atacadistas e varejistas, o aumento da oferta em curto prazo deve manter a oferta estável no fim do ano. Porém, a retenção de parte da safra por produtores cria uma possibilidade de menor oferta no começo de 2026 — cenário que pode pressionar preços para cima.

Consumidores podem acompanhar a evolução dos preços no atacado e no varejo nas próximas semanas, enquanto mercados regionais absorvem a nova produção do Sul.

Reflexão cristã

Como coluna e jornalista, vejo nesse momento uma lição prática sobre paciência e planejamento. A estratégia de guardar parte da produção lembra a sabedoria de administrar recursos para tempos incertos.

“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como se estivessem servindo ao Senhor, e não às pessoas.” (Colossenses 3:23, NTLH)

Essa passagem nos lembra que trabalho bem-feito e gestão responsável têm valor prático e ético. Em termos agrícolas, cuidar bem da terra, planejar a colheita e organizar a guarda da produção são expressões concretas de zelo e propósito.

Leonardo de Paula Duarte

Fontes: estimativas do Cepa/Epagri (dados de produtividade e projeções), cotações de preço (saca de 20 kg: R$ 30,29 em junho; atacado: R$ 41,06, alta de 9,49% em relação a setembro) e relatório sobre importações (zeradas em outubro, primeira vez desde 2007). As citações e as observações regionais foram extraídas do comunicado técnico do Cepa/Epagri.

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