Turquia será sede da COP31 em acordo inédito com Austrália; pré-COPs ficam no Pacífico e Austrália assume negociações

Parceria divide presidência e chefia das negociações; anúncio oficial ainda depende de validação regional

Após meses de disputa nos bastidores, a disputa pela sede da próxima conferência climática da ONU teve desfecho inesperado nos corredores da COP30: a Turquia ficou com o posto de anfitriã da COP31, em um acordo inédito com a Austrália.

O acordo entre os países ainda não foi oficialmente anunciado, mas boatos da vitória turca começaram a circular durante reuniões em Belém, onde os ministros Murat Kurum (Turquia) e Chris Bowen (Austrália) conduziram negociações para resolver a questão.

O que está previsto no acordo

Segundo uma fonte ligada às negociações, que pediu para não ser identificada, os eventos serão divididos: a Cúpula dos Líderes e as negociações formais da COP31 aconteceriam na Turquia, enquanto os eventos pré-COP seriam realizados no Pacífico, região que havia apoiado a candidatura australiana de Adelaide em parceria com nações insulares.

Na divisão de funções, a chefia das negociações ficaria com os australianos, enquanto a presidência do encontro seria exercida pelos turcos. “É um pacote“, disse o secretário alemão do Ministério do Meio Ambiente, Jochen Flasbarth, confirmando a configuração da parceria.

Flasbarth avaliou o arranjo como positivo para o multilateralismo e acrescentou: “É algo extraordinário que dois países, de lados muito diferentes do planeta, mas membros do mesmo grupo [regional], tenham chegado a um acordo inovador“. Ainda não está claro, porém, como o modelo funcionará na prática: “Como isso se dará, na prática, é difícil saber, já que algo do gênero nunca aconteceu“.

Por que a aliança surpreende e qual é o contexto

A candidatura australiana havia sido construída com apoio de várias nações insulares do Pacífico, algumas das mais ameaçadas pelos efeitos da crise climática. A desistência da Austrália abriu caminho para que Turquia e Austrália negociassem um formato conjunto, que tenta conciliar legitimidade política, representação regional e capacidade logística.

O acordo ainda precisa ser validado pelo grupo regional dos chamados Estados da Europa Ocidental e Outros, responsável pelo revezamento de sedes das COPs. A decisão definitiva só será consolidada após essa validação e o anúncio oficial das partes.

Próximos passos e calendário

Até agora, fontes indicam que a configuração prevê:

Cúpula dos Líderes e negociações formais na Turquia;

Pré-COPs no Pacífico, com forte participação das nações insulares;

Chefias distintas: australianos à frente das negociações; turcos na presidência.

O acordo também surge em um momento em que a próxima COP após a de 2026 já tem anfitriã definida: a COP32, em 2027, foi escolhida recentemente — a Etiópia foi selecionada por unanimidade pelo grupo de países africanos.

Reflexão cristã e perspectiva ética

Como colunista e cristão, vejo nesse gesto uma combinação de pragmatismo e potencial simbolismo: duas nações com posições geográficas e interesses distintos aceitando compartilhar responsabilidade num tema que exige cooperação global. Há um chamado ético claro em cuidar da criação e das populações mais vulneráveis.

Recordo a ideia bíblica de responsabilidade pelo mundo criado: “O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivar a terra.” (Gênesis 2:15, NTLH). Cooperar para proteger o planeta não é apenas política; é também um ato de cuidado com o próximo.

Essa parceria entre Turquia e Austrália pode ser vista como uma oportunidade para que o processo multilateral se fortaleça — desde que a divisão prática de papéis seja transparente e assegure voz às nações mais expostas aos impactos climáticos.

Leonardo de Paula Duarte

Observação editorial: as informações desta matéria foram produzidas com base em relatos e trechos divulgados durante a COP30, incluindo declarações de autoridades e fontes anônimas ligadas às negociações. O anúncio formal ainda depende de confirmação pelos países envolvidos e pela validação regional.

Rolar para cima